quinta-feira, 6 de julho de 2023

ESCOLAS SÃO ALVES DO NEONAZISMO

 


                 

                   ESCOLAS SÃO ALVOS DO NEONAZISMO

O terror e o medo são consequências práticas do crescimento da violência em espaços que deveriam ser seguros. Só nas últimas semanas, um ataque em São Paulo vitimou a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, e quatro crianças morreram em um atentado em uma creche em Blumenau.

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Muitos desses casos estão ligados ao neonazismo e à cooptação de meninos por grupos radicalizados. De jovens que não encontram acolhimento em espaços convencionais e, por isso, recorrem a comunidades violentas.

“Quem comete atentados em escolas não necessariamente está ligado a grupos neonazistas, mas esse tipo de mentalidade está ligada a uma pauta da extrema direita”, explica o pesquisador Renato Levin-Borges, entrevistado do podcast “E eu com isso?”. Isso porque a extrema direita busca fomentar o medo e, como solução, oferece a violência e o armamentismo.

Por que homens?

É notável que esses ataques são, quase sempre, cometidos por homens jovens e brancos. Não é uma coincidência, há uma relação direta com o ressentimento.

“O jovem branco isolado, com dificuldades de se relacionar entra em fóruns e acha um culpado, que é a origem do ressentimento. E esses alvos são, principalmente, as mulheres”, afirma o pesquisador.

A extrema direita se aproveita da construção social do homem duro, que não chora, não fala sobre os próprios sentimentos para consolidar frustração e ódio. Aí entram teorias como "red pill", já ouviu falar? É uma teoria conspiratória que afirma que homens devem tomar "a pílula vermelha" para abrir os olhos para a realidade - um sistema que favorece as mulheres. Os "red pills" são os homens que se opõem a essa suposta circunstância.

Dentro da concepção machista e da lógica dos "red pills", mulheres só serviriam para reproduzir. “A misoginia é central para entender esses ataques. Como eles são capturados pela extrema direita, eles acabam cometendo esses atos como se fosse o último de significância, dentro do problema de falta de horizonte existencial”, diz.

Eles se valem do papel de mártir, aquele que morre por uma causa. E, justamente por isso, o compartilhamento do conteúdo, das imagens, fotos e nomes são vitórias para quem realiza os ataques - ninguém deve compartilhar ou reproduzir essas cenas, nem a grande de mídia, nem cada um de nós, mesmo em fóruns privados.

Como reverter

A violência nas escolas não será resolvida com professores armados ou policiais reformados na porta das instituições de ensino, segundo o especialista. “Isso seria propor como solução a própria causa, que é a violência e o armamentismo. O que está em xeque é o modelo de sociedade”, defende.

O caminho, então, para desradicalizar a sociedade é trabalhar sob a perspectiva da saúde mental, que é coletiva. “A produção de saúde mental passa, também, pelas questões sociais. Se temos uma miserabilidade, falta não apenas comida, mas uma perspectiva”. E se nós ignoramos, outros podem se aproveitar.

Alguém que adere à extrema direita está em busca de pertencimento. Por isso, a sociedade precisa construir espaços de acolhimento, de escuta, de afeto. Evitar o desamparo é questão de saúde e de segurança pública.

Fonte: BINews 279 – 15 de abril de 2023

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