A cultura de paz, a saúde mental dos alunos e o combate à
violência
Primeiro, é oportuno definir o que de fato configura uma
cultura de paz. Em 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
(ONU) convocou um movimento global voltado a esse tema. De acordo com o
calendário da organização, o ano 2000 deveria ser reconhecido como “Ano
Internacional da Cultura de Paz” e a década conseguinte, a terminar em 2010,
ficaria conhecida como “Década Internacional para uma Cultura de Paz e não
violência para as crianças do mundo”.
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Nesse contexto, a cultura de paz pode ser representada por um
conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida de
pessoas, grupos ou nações baseadas no respeito pleno à vida, aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais.
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A cultura de paz compreende uma forma de ação e
posicionamento, pautada na prática da não violência por meio da educação, do
diálogo e da cooperação. Trata-se de um tema de extrema relevância na promoção
da saúde mental dos alunos, na prevenção ao bullying e no combate à violência e
à intolerância nas escolas.
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Alvo de muitos estudos e discussões, a violência nas escolas
é um tema complexo e merece um olhar atencioso e responsável. Há diversos tipos
de violências produzidas no cotidiano da escola, como as interpessoais, as
físicas, as psicológicas e por discriminações e preconceitos de todo tipo,
desdobrando-se, entre outros, na prática do bullying.
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A palavra bullying origina-se do termo inglês bully, que
designa o “valentão”, aquele que busca o poder e a dominação por meio de
práticas de intimidação e violência. É a soma diária e repetida de ações
violentas (físicas e emocionais), de intimidação, exclusão e humilhação que visam
desestabilizar e isolar a vítima.
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É imprescindível à instituição de ensino elaborar programas
de combate às práticas de violência na escola e orientar professores e
comunidade escolar para prevenir determinadas práticas e saber lidar com as
vítimas do bullying.
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Por meio de reflexões e sensibilizações sobre processos
estruturais, coletivos e individuais, podemos criar condições para resolver
conflitos. Dentro das diferentes habilidades socioemocionais, a empatia e a
cooperação surgem como valores diretamente ligados ao respeito.
Indiscutivelmente, por meio do exercício da empatia, do diálogo, da resolução de
conflitos e da cooperação, conseguimos promover o respeito ao próximo.
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A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à
Infância e Adolescência (Abrapia) sugere as seguintes estratégias de promoção
das habilidades socioemocionais e de combate à violência:
• promover o diálogo entre os alunos e desenvolver uma escuta
atenciosa e humanizada às demandas e sugestões;
• incentivar os alunos a buscar ajuda e a denunciar, mesmo
que anonimamente, casos de violência e bullying;
• acolher e valorizar as iniciativas dos alunos em relação ao
combate ao bullying;
• encorajar lideranças positivas entre os alunos;
• interceder diretamente no caso de situações de bullying e
violência.
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Ao inserirmos no contexto escolar a promoção das habilidades
socioemocionais, produzimos condições indispensáveis para a criação de um
ambiente saudável na qual a prática do bullying nas instituições educacionais é
efetivamente combatida e a cultura de paz pode ser desenvolvida, colaborando também com a
saúde mental dos alunos.
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Nesse sentido, o conhecimento histórico pode fornecer
condições para combater a discriminação e a intolerância, bem como o bullying,
ao promover a compreensão da diversidade, seja ela qual for (classe,
nacionalidade, religião, etnia, geração, gênero etc.), no passado ou no
presente.
Fonte: Adriana Machado Dias, Keila Grinberg e Marco Pellegrin
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